Como dividir as contas do casal?
A vida de casal significa compartilhar muitas coisas. Desde o namoro até o casamento, são momentos, carinhos, passeios, histórias. E contas. Sim, muitas delas.
Apesar de dinheiro ser um assunto muito delicado, é algo que terá de ser tratado em algum momento. Há situações onde este momento pode ser tarde demais e ser a ponta de um iceberg ou pode ser apenas uma conversa comum do casal. Tudo vai depender de como você lida com a situação desde o começo.
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Não estou dizendo que você, homem ou mulher, não podem uma vez ou outra pagar uma conta inteira, seja em um restaurante ou algo mais complexo, como uma viagem. O importante é que ambos lidem com a situação com maturidade: conversando e dialogando. Se você percebe que seu/sua companheiro(a) não gosta que você pague a conta inteira, deixe claro que uma vez ou outra é uma boa ação, um presente. Mas divida na próxima, fazendo com que a pessoa saiba que você entendeu a mensagem e respeita a opinião dela.
Em um namoro, levantar a questão financeira é muito delicada, mas tudo se resolve com conversa. Por exemplo, estou me desvencilhando de algumas dívidas adquiridas ao final do ano passado e, portanto, não posso arcar com muitas saídas e/ou dívidas. Deixei claro isso para minha namorada em uma conversa, mas também deixando claro que fiz um planejamento financeiro para em no máximo dois meses voltar ao normal. Ao entender isso, ela não fica chateada quando eu digo que prefiro programas mais caseiros do que sair, porque sabe que estou me esforçando para que possamos sair da rotina. Inclusive fizemos já alguns planejamentos financeiros juntos.
Essa intimidade requer maturidade e segurança. Planejar uma viagem juntos, por exemplo, significa dividir custos e toda a logística para fazer com que as coisas funcionem. A primeira recomendação é que vocês transformem os valores da viagens em porcentagens de seus salários que vocês devem economizar. Assim, ninguém estará poupando ou gastando mais do que o outro. Isso significa que, proporcionalmente, estão fazendo os mesmos esforços financeiros.
Mas novamente, o namoro complica um pouco estes assuntos, porque é como se fosse um “test drive” para algo mais sério, por mais que você não queira admitir. Se você quer algo mais sério, esse assunto tem que surgir uma hora ou outra. Uma boa forma de trazer esse assunto a tona é conversar sobre planos futuros, investimentos. Assim, você pode trazer assuntos para a mesa, conversando sobre como a pessoa se sente ao dividir as contas, se ela sente-se incomodada quando você paga tudo pra ela. Essas conversas não precisam trazer muitos assuntos de uma vez só, pode ser gradualmente. Em pouco tempo, vocês se verão planejando um futuro financeiro bem saudável.
Já em relacionamentos mais “sérios”, como um noivado ou casamento, é a hora de não fugir mais do dinheiro. Seu parceiro tem que saber quanto você ganha, tem que saber dos débitos que você já tem, seus sonhos que envolvem dinheiro. É hora de transformar sonhos em projetos.
Já falamos em transformar todas as suas finanças em porcentagens. No caso da vida de casal, isso funciona melhor quando você soma os ganhos de todos os envolvidos no núcleo familiar e aí sim, relacionar aos custos, investimentos e poupanças familiares. Dividir uma conta pela metade pode ser injusto com um dos lados, que ganha menos e, consequentemente, terá menor poder de compra no final das contas. Abrir uma conta conjunta pode ser um bom começo pra isso, mesmo que vocês tenham feito um casamento com divisão de bens.
As suas contas mensais não podem ser maiores do que 50% dos salários somados. Lembrando que ambos estão investindo para um ambiente saudável.
Planejamentos, como viagens, devem ser feitos de forma a respeitar prazos realistas. Se você quer fazer uma viagem de 15 dias pela Europa, que custa pouco mais de R$15 mil, mas o casal ganha juntos R$4000,00 por mês, um planejamento de dois anos para fazer essa viagem é até realista. Basta somar os ganhos anuais do casal por dois anos e transformar esses R$15 mil em porcentagem.
Exemplo: um casal que ganha R$4 mil reais mensalmente irá ganhar em dois anos um total de R$104.000,00, incluso o décimo terceiro de ambos. Se ao final de dois anos o casal quer ter economizado o valor total de R$15 mil para a viagem, mensalmente eles terão de poupar cerca de 15% de R$4 mil reais. Sendo que o valor será atingido um pouco antes, porque não incluímos o rendimento desse dinheiro como investimento. Este mesmo planejamento pode ser feito para outras coisas. mas sempre que o valor ultrapassar 30%, estenda o prazo por mais um ano. 30% é um valor de segurança para que você também não deixe de poupar e investir para outros objetivos de mais longo prazo e nem tenha pouco dinheiro para outras coisas.
Tudo isso é possível de começar em um namoro. Na pior das hipóteses, se o namoro terminar, você terá poupado um dinheiro para alguma coisa que te interesse. Os 50% em custos fixos são uma margem de segurança para uma vida saudável, por exemplo. Mas você pode diminuir essa porcentagem e mudar outras coisas, de acordo com como é a relação ou como você quer realizar seu sonho.
Tudo irá depender de qual é sua real intenção com a relação. Casais grandes fazem um planejamento financeiro. Casais pequenos continuarão pequenos e, com muita certeza, irão encarar problemas financeiros. Fuja deles encarando tabus financeiros e planejando corretamente seu futuro.
Sobre o autor
Crédito ou débito? Esta é uma pergunta quase sempre feita ao se pagar com cartão mas é uma questão também comum na vida de muitos brasileiros. Com mais de 300 horas em cursos de finanças, empreendedorismo, entre outros, André formou-se em pedagogia e se especializou em educação financeira. Dá também consultorias financeiras e empresariais quando seus clientes precisam de ajuda e compartilha conhecimentos aqui neste site.
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